EU E O CINEMA
Existem diversas formas de contar uma estória. E falar de uma estória só tem uma forma: Contá-la. E o cinema é a melhor compreensão de tudo isso. Cristina Reis
segunda-feira, 3 de junho de 2013
ENTÃO.....
Então.....lá estava Astrogildo no bar do Gerson, olhando pra
chuva que escorregava calmamente pela paisagem lapiana. Bebia um gole de
cerveja, riscava um pouco a garrafa com os dedos, e simplesmente olhava pra chuva,
o trânsito lento, vez ou outra uma buzina gritava a impaciência de algum
motorista. E a lapa seguia macio na tarde molhada que deixava cinza o céu
carioca. Ricardinho se aproxima da mesa, puxa uma cadeira, estava um tanto
desanimado, parecia com o trânsito.
-Tudo bem Astrogildo?
-Você é chato.
-O que eu fiz? (faz sinal pro Garçom trazer um copo.)
-Chegou.
-(pega o copo da mão do garçom, se serve) Você é bipolar,
sabia?
-Não.
-É.
-Você supera.
-Que que tá pegando, cara?
-Sabe o que é lembrar da periguete, não sabendo o porquê,
pensar nela dia e noite, chorar porque não vai mais vê-la, lembrar que um dia
você ganhou a periguete mais requisitada da lapa, que um dia no meio de tanto
cara, ela lhe escolheu pra você leva-la em casa depois de uma festa? Depois..... ela e você, o
apartamento.......caramba! Não sabe o que
é ter essas lembranças e não a periguete. Sabe Ricardinho, eu choro assistindo
o “Lata Velha” do Luciano Hulk, desabo no de “Volta pra Minha Terra” do Gugu, -Eu
sou uma vítima.
-Você é maluco.
-Por que?
-Bipolar.
-Eu?
-Então.......
-Eu, bipolar.
- É, você.
-É, eu.
-Você é chato.
-Eu?
-É.
-Eu. Chato.
-É, você.
segunda-feira, 13 de maio de 2013
Então.......
Então.....Astrogildo
estava no bar do Gerson, observava duas amigas conversando em outra mesa,
tomava uma cerveja, Ricardinho em silêncio lia o jornal e volta e meia levava a
tulipa até a boca pra tomar mais um gole de cerveja. Astrogildo iniciou seu
pensamento vagante na periguete que o abandonara e foi-se para a Europa. Ele
sentia saudades dela, muita saudade. Decidiu observar a esquina em que tantas
vezes pararam pra conversar, ou pra ser mais claro, pararam pra discutir,
qualquer coisa, eles discutiam por qualquer coisa; até mesmo porque pararam
justamente ali para discutir, é, eles discutiam sobre isso. A quanto tempo não
discutia com ninguém, perder a paciência ele sempre perde, com tudo, porteiro
do prédio, Ricardinho, Marinha, vizinho, com os carros....enfim, com tudo. Mas
discutir como discutia com a periguete, isso não, é, eles discutiam. Isso fez
com que Astrogildo abrisse um meio sorriso. Tomou um gole de cerveja, e pode
sentir amargar ainda mais a saudade. Respirou fundo, teve vontade de fugir
dali, olhou pra Ricardinho, pra rua, para as duas garotas conversando na outra
mesa. Ele teve medo de nunca mais ver a periguete.
-Olha aqui
Astrogildo.
-O que?
-Viu o que
aconteceu?
-Não.
-Não viu?
-Não.
-Você é
desligado.
-Não.
-Não o que?
-Não sou
desligado.
-É sim.
-Não sou.
-Tá.
-Tá o que
Ricardinho?
-Tá. Não é
desligado.
-O que
houve?
-É que está
aqui.
-O que?
-Grupos de
mútuo-ajuda, ajudam a esquecer.
-Esquecer o
que?
-Sei lá.
Traumas.
-Isso você
tá inventando.
-Não. Tá
aqui.
-Hã?
-Você está
traumatizado.
-Como?
-Aquela
periguete.
-O que?
-Está
compulsivo por ela.
-Pirou você.
-Verdade.
Aqui, compulsão.
-Eu sempre
curti a periguete.
-É
compulsão.
-Não é.
-É.
-Chato você.
-E você
compulsivo.
-Não sou.
-É.
-E você?
-Eu
Astrogildo?
-Sim,
compulsivo em problema.
-Como assim?
-Você enche.
-Não
entendi.
-É chato.
-Eu.
-É.
-Quem vive
calado?
-Quem quer
ficar sozinho.
-Mas não
está sozinho.
-Quero
ficar.
-Porque me
deixou sentar?
-Não deixei.
-Perguntei.
-Não
respondi.
-Calou,
consentiu.
-Você é
chato. (Astrogildo retira do bolso algum dinheiro e coloca embaixo da garrafa
de cerveja e sai.).
-Eu?
quinta-feira, 2 de maio de 2013
Então.......
Então....sempre falo aqui sobre o instinto assassino no
trânsito, sobre a crueldade dos motoristas no Rio de Janeiro, falo Rio de
Janeiro porque é onde moro e onde utilizo meu veículo ecológico, minha grande
companheira, a magrela. Eu e minha bike somos testemunhas do quanto o instinto
dos motoristas por aqui, fica a cada dia mais assassino, até porque, essa
cidade não tem lei. Guarda Municipal, por exemplo, é mais uma tribo
uniformizada. Temos góticos, punks.....e tudo o mais de tribo, e agora a Guarda
Municipal. Sempre que vejo um absurdo vou até a um guarda municipal e ele diz
que não pode fazer nada, que essa função não é dele, então..... não gosto de
andar na mesma mão que os carros, é melhor andar ao contrário, porque estão
sempre no celular, sempre procurando os cantos da rua, e não querem saber se
tem uma bike ali. Daí que andar contra mão eu vejo pra onde eles estão indo,
claro, sempre tomando cuidado. Agora tem uma tribo que tá crescendo pra caramba,
os verdinhos, colocam aqueles apitos irritantes na boca, e não param de apitar,
enchem o saco, são totalmente enrolados, e um avança daqui, outro faz uma
insanidade ali, e faz um sinal de por favor me livra dessa, daí eles se sentem
os caras, porque o cara pediu a ele pra liberar, e libera. Assim, essa cidade,
não sei se tem mais jeito não. Também tem os ciclistas que vem pra cima de você
de qualquer jeito, não avisam uma ultrapassagem, nada. E o prefeito incentiva a
galera a pedalar, mas a cidade não dá condições pra isso. Também as pessoas
atropelam e pedem desculpas; isso é muito confortável pra qualquer assassino;
assassino sim, é claro que eles tem consciência de que podem matar, mas eles
sabem que brasileiro é bonzinho. Por exemplo, ali perto da nona delegacia no
Catete, ali tem um retorno onde todos motoristas escolhem fazer tudo errado, e
fazem, e não tão nem aí, em frente a delegacia. Tudo perdeu o sentido e o valor
por aqui na cidade maravilhosa, tudo. Não respeitam porque sabe que a lei os
protege, é, as leis brasileiras protegem os assassinos, os ladrões, os
corruptos.....também quem formula as leis?
domingo, 28 de abril de 2013
Então......
Então.....hoje é domingo, estou com a garganta ruim,
alergias. Que saco! É necessário repouso, por isso estou dentro de casa, deito,
levanto, não consigo ficar o tempo todo deitada. Na tv nada que preste, assisti
a um filme, foi bom. Agora estou aqui na internet tentando contato com o Val e
com o Geraldo, falei com os dois. Acredito que agora eles consigam se encontrar
lá em Santo André. Vai dar tudo certo pra gente. Daí que agora me deu uma
vontade de falar sobre algumas coisas, coisas que venho assistindo, ouvindo,
sentindo.....coisas chatas, que nem deveriam existir, isso, mas elas se fazem
mais presentes cada vez mais. Essa coisa de motoristas assassinos, isso só aumenta.
Falam ao celular o tempo todo enquanto dirigem, correm pra cima das bikes,
querem sempre se dar bem, e o resto que se exploda. Se matar alguém? É só pagar
uma fiança e pedir desculpas. Sinistro, né? Nunca vi nada mais injusto do que a
nossa justiça, isso, também quem faz as leis? Quem as decide? São os fora da
lei. Outro dia estava assistindo a uma daquelas passeatas do “Fora Collor”, me
veio uma emoção do caramba, uma boa lembrança, é, lembrei que já fizemos algo por nós, pois é,
já FIZEMOS. Agora, ficamos todos no face, distribuindo opiniões, dando
decisões, e esgueirando em assuntos disformes de nossa realidade. Julgamos que
devamos estar em um mundo lindo, nos amarmos, nos darmos, sermos amigos. É.....e
o fantástico mundo do face, a fantástica cidade facelópolis não decide nunca o
que realmente é melhor para todos nós. Pois nos dividimos em opiniões o tempo
todo, cada um jura que o que pensa é mais intelectual, é melhor do que o
pensamento do outro. Não que isso seja ruim, a cidade facelópolis é importantíssima,
eu adoro! Mas é que de vez em sempre deveríamos sair dela e nos movermos,
agilizarmos; estamos nas mãos dos criminosos, estamos nas mãos de um poder que
nós elegemos pra nos servir, e que só nos manda os restos dos restos, e nos
coloca cada vez mais nas mãos de criminosos nascidos de leis completamente
equivocadas que nos condenam cada vez mais a uma morte prematura por falta de
coragem de lutar. Estamos entregues a nossa própria incapacidade de lutar,
estamos nos transformando em verdadeiros súditos que trabalham, trabalham, e
depois somos entregues aos donos da rua, sem defesa, jogados na arena; nossos
adversários, que ficam cada vez mais jovens e carregam armas mais poderosas pra
nos vencer sem o menor remorso. E nos entregamos a eles, em meio a discursos
sociais, condenações.....e ficamos uns contra os outros, dividindo nossas
opiniões, jurando que sabemos o que é o bem e o que é o mal. E percebo que sei
cada vez menos de nós. Estamos nos esvaziando de tanto ler e ouvir ditados e
discursos de defesa e acusação de tudo.
Estamos no meio de tudo e nos resumindo a nada. Somos cada vez mais, nada.
sexta-feira, 19 de abril de 2013
Então.......
Então....lá estava Astrogildo conversando com Marinha no bar
do Gerson. Marinha dentro de um vestido vermelho quase anos 50, realçando os
cabelos pretos e cacheados até o ombro, sapatos vermelhos com lacinhos
discretos.
- E esse calor em Astrogildo?
- Hã....que tem?
- Que tem? Comentando.....
-E o gringo?
-Que gringo?
-O da internet.
-Ah....tô achando que isso é fake, viu?
-Então esquece.
-Astrogildo.....tô apaixonada, eu amo esse cara. Ele é meu
príncipe.
-Você disse que ele é fake.
-Não disse.
-Disse.
-Eu disse que achava.
-Ah.....então tá.
De repente Marinha começou a chorar, Bebia goles de cerveja
e chorava. Astrogildo ficou fragilizado com o choro de Marinha, estava preocupado.
-Não pode ser fake Astrogildo, não pode, ele me mandou a
foto dele, da mãe, do filho, me mandou as confirmações das passagens, ele diz
todo dia que me ama, não é possível que ele seja fake.
-Ele vem pro Brasil com o filho.
-Vem.
-Ah....ele já comprou as passagens.
-Não Astrogildo.
-Você que disse.
-Essas passagens são pra China.
-Ah.
-Ele vai pra China. Trabalhar.
-Ah.
-Depois vem pro Brasil.
Marinha cai no choro de novo.
-O que foi Marinha?
-Ninguém nunca me amou assim.
-Que bom.
-Nunca ninguém quis casar comigo.
-Ele não quer casar com você.
-Quer.
-Por que está chorando?
-É que....se ele for fake?
-É.
-Eu vou parar de escrever email. Ele é esquisito.....
-É.
Marinha abre um sorriso, olha para Astrogildo, que está
achando aquilo esquisito.
-Tá. Aí, amanhã vou sair e comprar os presentes pra ele e
pro filho.
-Legal.
-Ele me ama.
-Tá.
quarta-feira, 17 de abril de 2013
Questão de Estilo
Então....o
que mais me deixa chateada é o egocentrismo de alguns artistas brasileiros.
Quer ver, você abre um assunto de um trabalho com uma determinada atriz, daí,
ela começa assim: - Você segue o método Stanislavski
ou Grotowski, cara, eu quero que esses caras vão....meu, eu sigo a
mim, aliás, aprendi com esses caras, li muito sobre eles, leio, estudei muito, fiz teatro. Daí piora quando começam assim: - O
realismo....o naturalismo....daí eu respondo: - eu vou fazer cinema, o método
eu não estudei qual vou usar, isso ainda não me interessa, o que me interessa
por enquanto, é o que quero fazer, como fazer, pegar minha intuição, deixa-la
fluir e ir descobrindo o meu cinema. Isso, quero fazer um filme que as pessoas
vão assistir, vão se identificar, eu quero um filme que causa reações, emoções,
sei lá, método de quem o ator vai usar..... eu sei que vou pedir pra ele fazer,
o restante é com o ator, afinal, eu não vou atuar, vou dirigir.
Eu realmente não
sei explicar que método sigo, sei lá, deve ser o meu, misturado a um monte de
coisa que aprendi. Aliás, eu gosto de cinema, adoro alguns diretores que fazem
filmes desde o inicio dos tempos do cinema até hoje. Não cultuo ninguém, nem
papa, nem cineasta, nem dramaturgo. Eu adoro um filme bom, agora, existem
diretores que são foda, tudo que os caras fazem eu adoro. E são muito
diferentes um do outro. Então descobri que eu gosto de cinema. Hoje eu já digo
que não existe filme ruim, assim, porque eu quando vou ao cinema, vou assistir
a um filme, não vou analisar filme, até porque eu não sou especialista em
cinema. Pra mim, existem filmes que gosto mais, e outros que gosto mais ou
menos, e outros que não gosto. Isso não quer dizer que o filme seja ruim. Quando
me perguntam: - Você viu tal filme? Ele é bom? A única coisa que posso
responder é que, se gostei ou não, sempre digo, pode ser que você goste, eu não
gostei, isso não quer dizer que o filme seja ruim, e é verdade. Como por
exemplo, tem cineastas que não gosto do que fizeram e todo mundo arregala os
olhos, e me perguntam como posso não gostar de fulano se ele é um gênio, e daí?
Ele não vai deixar de ser gênio porque não é minha preferência? admiro o cara, mas não gosto de assistir aos
filmes dele, mas já assisti, e muito, e até assisto de novo, até pra ver se vou
gostar. E....foda-se que as pessoas me acham burra porque não gosto de assistir
a isso ou aquilo.com.br.
É um saco quando
falam assim: - Você faz ou fez cinema? Ah...sabe aquele filme do Godard....o
Glauber....o.....o.....meu, é como se você tivesse obrigação de falar sobre
algum cineasta que marcou época. Eu mudo o assunto, saca? Não falo de cinema
por falar, gosto de falar de cinema sim, com qualquer um, mas não como se fosse
uma obrigação falar de cinema porque me envolvi a vida inteira com isso.
Então..... como
minhas reticências são com mais de três pontinhos, meus filmes são assim, o
método que uso é fazer como eu quero o que quero fazer. Simples assim.
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